sábado, 18 de abril de 2009

Porto Velho: lugar do mundo, terra de contrastes, como tudo no Brasil

Apesar de saber de todos os problemas que assolam Porto Velho, e concordar com o que diz Eliane Brum, a jornalista da polêmica reportagem da Revista Época, quero também entrar nessa contenda de discutir as mazelas do norte do país, pois vim parar aqui há um ano e meio e já estou indo embora, mas com saudades de algumas coisas.
Até porque não é muito difícil achar coisas pra gostar em Porto Velho. Gosto de meus alunos, gosto de trabalhar aqui, de repartir com as pessoas daki as coisas que já vivi, da admiração que elas nutrem por mim e pelo meu trabalho, adoro inaugurar entre nós, alunos, professores, formadores e cursistas novas formas de ver; amo observar como o povo daki defende seu lugar, sem grandes elaborações argumentativas, mas numa defesa apaixonada deixando claro que isso aqui não é terra sem dono não!
Usei aparelho ortodôntico durante dez anos e quando tive que me livrar dele, estava eu aqui ,em Porto Velho. A primeira coisa que me disseram foi: "Deixa pra tirar o aparelho quando voltar pra Bahia, aqui não tem dentista que preste não!" Como gosto de desafios, e não queria acreditar que os profissionais daki são ruins, sendo eu mesma uma boa profissional que vim parar em Rondônia, lancei a sorte e me baseando na excelente ortodentista que encontrei aqui, Dra Marilisa Benincasa, com a qual terminei o tratamento de meus dez anos de sorriso metálico, pensei: Bom, vou atrás de mais uma exceção, que na verdade nem é exceção pois todo lugar tem de tudo, também porque gosto de contrariar as estatísticas!
Fiz uma pesquisa de mercado e fui em cinco dentistas, todos estabelecidos aqui: um de Londrina, dois de São Paulo, outra do Pará, e o ultimo nascido e criado em Porto Velho. Por ironia do destino, preço e qualidade, acabei escolhendo justamente o que nasceu aqui, em Porto Velho, Dr. Kenedy Coutinho, excelente profissional. Com ele realizei tanto um trabalho de alta complexidade em endodontia e estética, como também um velho sonho de menina. Ele me deixou com um sorriso lindo e minha auto estima lá em cima, aliás sorriso altamente elogiado em Salvador, rs!
Mas pra isso tivemos que fazer uma cirurgia periodontal, pois pra completar a cena tenho problemas na gengiva também. Ele me indicou uma amiga dele, Periodontista de mão cheia, Dra Meirelle, mineira super bem humorada, que deixou minha gengiva prontinha pra receber dentes novinhos!
Outra experiência que me faz duvidar das generalizações ruins à respeito de Porto Velho é que tenho dois filhos menores, um de 15 e outro de 4 anos, e uma coisa que muito me preocupava era o imaginário coletivo nacional do "péssimo" atendimento médico existente em Rondônia, principalmente no que se refere ao atendimento de crianças. Me martirizava o tempo todo por não ter atendido ao apelo do pediatra de nossa cidade na Bahia, para realizar a cirurgia de adenóides e amídalas no pequeno João antes de nossa viagem para o Norte, pois ele dizia que era preciso fazer logo pois " a medicina lá é um caos!" . Quando João gripava, e isso era algo muito constante, inclusive por causa da mudança climática, lá vinha o fantasma da cirurgia...Parece que, por pura pirraça do destino, crises de sinusite acometeram nosso filho, foram 8 vidros de antibióticos em menos de um ano, não tínhamos sossego.
A surpresa começou com a procura e o encontro do Pediatra: Tive o prazer de conhecer aqui, embora seja natural de Londrina, o melhor pediatra que já vi em meus 16 anos de maternidade: Dr. Alessandro Moreira, homem integro, responsável, profissional competente a quem devo o atual estado de saúde de meu filho, um ótimo estado por sinal!
Dr. Alessandro não só pediu como exigiu que eu fizesse a cirurgia de João, e me mandou pra um neto de japonês de quase dois metros de altura ( nunca vi japonês alto!!! mas aqui tem de tudo mesmo!), também de Londrina, excelente Otorrino, Dr. Marcos Ito, "sabido todo", como a gente diz na Bahia. Nossos amigos baianos, residentes aqui, se mostraram indignados: " Vocês são uns loucos, irresponsáveis, vão fazer cirurgia no menino aqui?" e complementavam " Fulano de tal fez uma cirurgia no filho aqui e o menino está em estado vegetativo!", em nenhum momento vacilei, Dr. Marcos já tinha passado em minha severa avaliação, afinal sou professora, mestra e Doutora em educação. E o que isso tem a ver? Avaliaçao é coisa de professor, e de avaliação eu entendo!
Ele fez a cirurgia de nosso filho, uma intervenção de 20 min apenas mas, que o livrou de uma existência de sofrimento, hospitais e remédios.
Essas experiências me ensinaram algo de bom que vou levar pro resto da vida, inclusive que quero repassar pra Eliane, a Brum e quem mais precisar:
NUNCA ACREDITE EM TUDO QUE LHE DISSEREM, E SE ACREDITAR, PUBLIQUE SEM ATRIBUIR NOMES.
Diferentemente desse texto, onde fiz questão de publicar nomes que merecem todo crédito, pois são todos nomes que nunca mais quero esquecer...e gostaria que todos que lessem e lembrassem.
Obrigada Doutores por serem tão bons, e estarem aqui em Porto Velho quando eu mais precisava de competência profissional, ética e calor humano. Sei que no Brasil, no norte, nordeste, sul, sudeste e centro oeste do país existem muitos outros profissionais injustiçados como vcs, inclusive jornalistas, que estão em todos os lugares e que fazem o contraste desse Brasil diverso.

6 comentários:

  1. Maioli,
    Enquanto lia o texto, fiquei pensando: de onde será que veem essas histórias de que a medicina lá em Porto Velho é um caos, ou outras histórias, sobre outros lugares? Ás vezes, tenho a sensação de que é algo do tipo ouviu o galo cantar, mas não sabe onde. Isto me lembrou a época em que fiz concurso para trabalhar no Rio de Janeiro, e todos achavam que eu era louca só pela possibilidade de morar lá... (mas quem achava isso nunca tinha ido ao Rio)
    bjs

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  2. Querida Prof°, Se antes já era sua fã... imagina agora!!! Sou sua fãzassa (isso existe?)rsrs
    Serei sua leitora fiel...
    Inclusive se a Srª, ao postar algo novo, poder me avisar (laurinha_7@hotmail.com), agradeço desde já!!!
    Beijo
    Laura Corina (5º Periodo-Ed. Fisica-UNIR)

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  3. Caracas!!!Professora, a senhora arrazou com esse artigo. Apesar de alguns "contratempos" aqui em Porto Velho, mais particulamente com seu carro e seus horários quebrados na Unir. Não se deixou abalar....e reconheceu que a cidade tem muita coisa boa. Essa terra, que tenho orgulho de dizer que sou minhoca...cidade esta que pelo jeito acolheu a senhora e sua família. Pena que a senhora já está de partida....Bjs. Adriana D'avila

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  4. Parabéns!!! Eu penso que nossa visão pode ser contraditória sobre o Lugar onde moramos, a realidade em que vivemos e qualquer outra coisa. Cada pessoa tem o direito de criticar e apontar as mazelas as quais estão sendo acometidas... O que não podemos é apenas apontar as desgraças e não lançarmos sementes da graça para promovermos transformações nos ambientes assolados.
    Porto Velho é cidade que foi muito explorada por pessoas que não tinham esta visão, pessoas que se aproveitaram dos ciclos e depois de juntar dinheiro voltaram para suas terras sem a gratidão mínima pelo que conquistaram aqui. Ciclo da borracha, ciclo da estrada de ferro, ciclo do ouro, ciclo do diamante. Gente que não tinha coragem de comprar casa, pois já pensava em apenas sacar lucros e voltar o mais rápido possível. Com isso, não questionavam as políticas, não se posicionavam quanto à qualidade de estudo, não lutavam por melhores condições, não limpavam “seus” terrenos, não pintavam “suas” casas. Só um pensamento: “- Vou-me embora deste lugar.” ou talvez, “-Estou voltando para minha terra.” De qualquer forma, pessoas que não entenderam a oportunidade de lutar e investir para que este se tornasse melhor lugar do mundo. Dou graças a Deus porque hoje, vejo pessoas como Edilene Eunice Cavalcante Maioli (professora universitária, mestre, doutora), que veio com quase a certeza de que não iria ficar para sempre, mas que se dedicou o máximo para transformar este em um lugar melhor, e com certeza conseguiu.
    Também faço parte deste coro, vim para Porto Velho e acredito que, sem me gabar; este é o melhor lugar do mundo, porque eu estou aqui. E se são as pessoas que fazem o lugar. É isto que este lugar é!
    Se você teve a paciência de ler até aqui e mora em Porto Velho, entre para este coro e saiba que a pior mazela que esta cidade pode ter é você e o melhor remédio que ela pode receber é você. Abra sua boca e cante, abra seu coração e exploda de paixão pelo lugar onde resides, deixe as pessoas se entusiasmarem através de você. Faça deste o melhor lugar do mundo, ou deixe ele te fazer melhor, só não faça uma coisa... Não vá embora pior.
    Cristiano Santos (5º Período de Ed Física - UNIR)

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  5. Puxa vida, todos falaram muito bem, a Edilene e todos os amigos, especialmente o Cristiano Santos, que fez um belíssimo discurso - concordo com todos, parabéns! Pena que já tem mais de um ano, voc~e não vai escrever mais Edilene? Já fui embora e voltei duas vezes pra Porto Velho - tem uma coisa aqui que me prende e apesar do clima louco e saudades da minha mãe, eu amo esse lugar!bjus pra todos.ju lauriano

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  6. Olá meu marido está para ser transferido para Porto Velho e me preocupo principalmente com a educação de meu filho de 10 anos. Sou pedagoga, coordenadora pedagógica da Rede Municipal de Salvador. Que escola vc indica em Porto Velho?

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